Contando com a Boa Mão do Senhor

Publicado em 14/09/2014 às 18:25 Por Pr. Sérgio Gledson Visto por 6315

Como você avaliaria a sua vida se contasse sempre, com a boa mão do Senhor?

Posso imaginar que para alguns, isso apenas pareça algum tipo de presunção. Para outras talvez, nada mudaria em suas vidas, pois, são céticas demais para achar verdade tal possibilidade. Para uns poucos, tudo mudaria e para melhor! E você o que diz?     

Para os que creem ser vantajoso na vida contar com a boa mão do Senhor, a Bíblia oferece provas práticas de como isso, se mostra favorável à pessoa. 

Na Bíblia a expressão “Boa Mão do Senhor” aparece oito vezes, sendo que seis num só livro, o livro de Esdras.  

O personagem central do livro é o próprio Esdras, que chamado por Deus, recebeu o encargo de liderar a primeira caravana do povo após o período de cativeiro babilônico. Ele estava sob o reinado de Artaxerxes I, também conhecido como longimano, por ter uma das mãos, maior que a outra.

O desafio de Esdras em convencer o rei e o povo a retornarem para Jerusalém, bem como providenciar e administrar todo o aparato necessário, só tornavam as coisas humanamente mais difíceis. Daí o que faz mudar as perspectivas e ações tomando como base que ele contava com a boa mão do Senhor.

Contar com a boa mão do Senhor é mais do que obter alguma garantia para as decisões que precisam ser tomadas; é a certeza que não estará indo contra Deus.

A primeira evidência da boa mão do Senhor sobre Esdras se fez no FAVOR DO REI. (v.6b) “segundo a boa mão do SENHOR, seu Deus, que estava sobre ele, o rei lhe concedeu tudo quanto lhe pedira”.  

A boa mão do Senhor estava sendo estendida através do rei Artaxerxes I; era o que Esdras contava como de fato acontecendo naquele momento histórico e marcante para todo o povo. Os papeis parecem se inverter no sentido que Deus elevara a pessoa de Esdras aos olhos do rei, com o fim de que em tudo, este lhe concedesse.

É bom o destaque, que Artaxerxes por suas próprias palavras nos capítulos sete e oito, não dá indícios de uma experiência pessoal de conversão com o Deus dos hebreus e de Esdras. O que em nada o põe como um desobediente ao curso da vontade de Deus em todo o processo.

As ações de Artaxerxes ora movidas pela boa mão do Senhor, podem ser vistas nos versos seguintes:   
(v.13) Permissão deliberada para o retorno do povo;    
(v.15) Disposição dos bens próprios e reais para o custeio do retorno;     
(v.16) Liberação dos recursos de todo os súditos em favor da comitiva; 
(v.21) Liberação das tesourarias das províncias caso Esdras achasse necessidade.                                                                                 
As ações de Artaxerxes são raras e poderosas, vistas que não se percebe em nossos dias, motivação semelhante as que por um “incrédulo” estavam sendo realizadas.

Lição: Contar com a boa mão do Senhor é saber que ele trabalha nos corações das pessoas, movendo-as em Sua direção.

A segunda evidência da boa mão do Senhor sobre Esdras se fez no ÂNIMO PELAS MISERICÓRDIAS DO SENHOR. (v.28) “... e que estendeu para mim a sua misericórdia perante o rei, os seus conselheiros e todos os seus príncipes poderosos. Assim, me animei, segundo a boa mão do SENHOR, meu Deus, sobre mim, e ajuntei de Israel alguns chefes para subirem comigo”. 

Contar com as misericórdias do Senhor, é reconhecer toda dádiva como próprias a Deus. E, tendo como base a sua própria incapacidade, Esdras se mostra digno e capaz de administrar com fidelidade as bênçãos do Senhor em tudo.

Hoje, as ações misericordiosas do Senhor não são mais vistas. Não são poucos os esquecidos do quão poderosamente a boa mão de Deus o abençoou, seguiu e lhes deu vitórias. Esdras mantinha o coração íntegro para com Deus em suas conquistas.

Os preparativos ganham formas, as pessoas começam a decidir partir para Jerusalém, os primeiros passos são dados e o ânimo toma os seus corações.

Lição: Contar com a boa mão do Senhor não é, não ter o que fazer e sim, fazer tudo com motivos de louvor a Deus.

A terceira evidência da boa mão do Senhor sobre Esdras se fez no CHAMADO DOS SERVOS DO SENHOR. (8.15-18) 

Já em meio à caminhada, Deus desperta novamente o coração de Esdras, para que este passe em revista a todos quantos o seguiam. Este era um costume judeu. O propósito poderia variar e entre outras coisas, fazer um senso das famílias e o tipo de mão de obra disponível. Além de uma melhor redistribuição dos recursos. 
Contudo, algo triste e que nos chama a atenção. (v.15c “... não tendo achado nenhum dos filhos de Levi”).

Sabemos que das doze tribos, a tribo de Levi foi a escolhida por Deus, para servir na obra do Senhor nos trabalhos relacionados ao louvor e sacrifícios. 

A esta tribo, foi vetado o direito que as outras eram comuns, como ter posses, terras e outras coisas mais. As demais tribos deveriam sustentar e manter a tribo de Levi em suas necessidades básicas. 

O que vemos mediante o contexto é que estes viram como \"vantagem\" ficar na Babilônia, plantando, construindo e tendo a semelhança das demais, o que elas tinham e podiam fazer.

O servir ao Senhor passou a ser visto com desvantagem. Pelo menos essa, é a impressão que podemos tirar da não ida dessa tribo tão especial àquele momento histórico. 

A perca da visão ministerial não era algo só daquele tempo. Tem sido cada vez mais ofuscada e desencorajada pelos dissabores do tempo presente.

Hoje, poucos são os jovens que decididos a seguir e servir de modo integral ao Senhor no ministério. Um quadro ainda mais triste em muitos seminários, com turmas de meia dúzia de pessoas, enquanto que as mocidades reforçam as concorridas vagas nos diversos cursos seculares. De quem é a culpa? Será que não há mais a necessidade do chamado? São desmotivados pelo quê? 

NOTA: Dados de uma pesquisa feita nos Estados Unidos, pelo Instituto Schaeffer, num congresso de Líderes Religiosos. 70% dos pastores lutam constantemente com a depressão, e 71% estão “esgotados”. Além disso, 72% dos pastores dizem que só estudam a Bíblia quando precisam preparar sermões, 80% acreditam que o ministério pastoral afeta negativamente as suas famílias, e 70% dizem não ter um “amigo próximo”, 80% dos estudantes de seminário (incluindo os recém-formados) irão abandonar o ministério dentro de cinco anos. 

O certo é que Esdras, convence a muitos a virem e tomarem novamente o curso de vida proposto pelo Senhor aos mesmos. (vv.18-20)

Lição: O cuidar e valorizar aos que dedicam suas vidas no ministério é o maio estímulo que o povo de Deus pode dar.

A quarta evidência da boa mão do Senhor sobre Esdras se fez na PROTEÇÃO CONTRA OS INIMIGOS  (8.31; 7.9) “Partimos do rio Aava, no dia doze do primeiro mês, a fim de irmos para Jerusalém; e a boa mão do nosso Deus estava sobre nós e livrou-nos das mãos dos inimigos e dos que nos armavam ciladas pelo caminho”. 

Esdras sabia que a jornada seria longa e perigosa. Ele carregava uma elevada quantia de joias e outros bens dados pelo rei, seus oficiais e demais do povo. Contar com a boa mão do Senhor era ser poupado de assaltos e latrocidas no retorno a Jerusalém.

Lição: A boa mão do Senhor é uma forte aliada contra os possíveis perigos e inimigos em meio as jornadas da vida.

A quinta evidência da boa mão do Senhor sobre Esdras se fez ao CUMPRIR O TRAJETO QUE TINHAM A PERCORRER. (7.9)  “... pois, no primeiro dia do primeiro mês, partiu da Babilônia e, no primeiro dia do quinto mês, chegou a Jerusalém, segundo a boa mão do seu Deus sobre ele”.
 
Para entender melhor o que Esdras está dizendo aqui, é preciso conhecer um pouco da geografia do deserto entre a Babilônia e Jerusalém. Uma jornada por lugares ermos, com muitas montanhas e perigos por todo o lado.

O Salmo 121 diz: “Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro”?

Aqui temos uma indicação que dos montes, tanto o socorro poderia vir (livramento) como as ameaças também. Pois, salteadores costumavam ficar nos altos para poderem atacar com facilidade e sem reação os que passavam ao pé dos montes nas estradas estreitas e rochosas. Esdras reconhece que era a boa mão do Senhor que possibilitava desde a saída até a chegada, tempos de proteção e paz numa jornada de quatro meses.

Lição: Contar com a boa mão do Senhor é poder entregar o nosso destino em suas mãos. Tenha Deus em sua vida.

A sexta evidência da boa mão do Senhor sobre Esdras se fez na PRECAUÇÃO EM NÃO DENEGRIR A IMAGEM DE DEUS (8.22) “Porque tive vergonha de pedir ao rei exército e cavaleiros para nos defenderem do inimigo no caminho, porquanto já lhe havíamos dito: A boa mão do nosso Deus é sobre todos os que o buscam, para o bem deles; mas a sua força e a sua ira, contra todos os que o abandonam”. 

Esdras era um homem de testemunho e palavra. Após narrar ao rei Artaxerxes I, quem era o Deus de Israel, o seu Deus, ele não se viu mais com condições de pedir ao rei uma escolta que os acompanhasse.

Esdras tinha como desafio pessoal, entregar a sua vida e a de todos que com ele retornassem, unicamente nas mãos do Senhor. E assim, Deus honrou a Esdras e a todos quantos com ele estavam.

Lição: Estar debaixo da boa mão do Senhor é estar na condição de maior segurança que exista.

Espero que após as evidências do quão importante é contar com a boa mão do Senhor, você possa estar com o desejo de assim viver. Daí gostaria de mostrar por fim, como foi que Esdras obteve a boa mão do Senhor.

Peço que leia e releia o verso dez do capítulo sete.  Neste verso encontramos alguns passos práticos de como alcançar sobre si a boa mão do Senhor. 

(7.10) “Porque Esdras tinha disposto o coração para buscar a Lei do SENHOR, e para a cumprir, e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos”.

Minha oração e sincero desejo é que juntos, possamos prosseguir debaixo da boa mão do Senhor. Tenho a firme certeza que assim, chegaremos ao lugar que a todos, Deus espera que cheguemos.


Fonte: Marconi Duarte