Jesus, o único invictus

Publicado em 08/12/2014 às 09:57 Por Pr. Almir Marcolino Visto por 546

O poema Invictus, escrito pelo inglês William Ernest Henley em 1875, foi citado muitas vezes na literatura e no cinema, normalmente de forma motivadora, para afirmar que nada pode impedir a vontade de alguém em realizar seus sonhos e projetos. Nele o poeta agradece a algum deus (se houver algum, conforme ele diz) por sua alma que não se curva aos golpes da vida. O verso final diz assim:

Por ser estreita a senda – eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino 
Eu sou o comandante de minha alma.

As duas últimas linhas são as mais conhecidas e expressam a filosofia autônoma que caracteriza a vida no mundo ocidental desde o advento do Iluminismo. O homem se julga dono e senhor de seu destino, o único comandante de sua vida.

Mas a História de cada um de nós prova o contrário, nenhum de nós é senhor do seu destino nem comandante de sua vida. A declaração da poesia só se aplica a um homem: Jesus Cristo. Só Ele foi senhor e dono de seu destino e comandante de sua vida.

Nenhum de nós escolheu nascer, nem decidimos a nossa origem e lugar de nosso nascimento. Mas Jesus teve este poder. Ele escolheu nascer entre os homens, esta foi uma decisão sua. Lemos em Filipenses 2.6,7 que Ele esvaziou a si mesmo, assumindo a forma de servo e tudo que inclui a verdadeira natureza humana.  Sendo Deus, Jesus escolheu o tempo e o lugar de seu nascimento. Sabemos disso pelas profecias que já estavam feitas muito antes d’Ele nascer (Mt 1.22; 2.5).

Ninguém consegue controlar suas decisões e o seu tempo de modo a não se curvar a nenhuma pressão, seja das pessoas ou circunstâncias. Por mais forte que seja a nossa determinação, normalmente nossos planejamentos cedem diante de imprevistos superiores à nossa vontade. Mas Jesus era senhor de seus momentos e da direção de sua vida, não cedendo às pressões ao seu redor. Quando sua mãe lhe comunica a necessidade de vinho nas bodas de Caná, Ele calmamente responde que ainda não é chegada a sua hora (Jo 2.4). Quando seus irmãos insistem para que Ele suba a festa e manifeste publicamente suas obras, Ele lhes diz que o seu tempo ainda não havia chegado (Jo 7.4). Noutra ocasião sua mãe e seus irmãos tentam falar com Ele, mas nem isso interrompeu Seu ministério de ensino (Mt 12.46-50). Quando seus discípulos o procuram para lhe informar de Seu sucesso, Ele não se deixa levar por essa informação, mas se levanta para continuar cumprindo Sua missão (Mc 1.35-39).

Muitas vezes as necessidades físicas se colocam entre nós e as nossas decisões, de modo que não conseguimos avançar com nossos projetos por causa delas. Jesus soube dominar suas necessidades de fome e sede, priorizando Sua missão (Lc 4.2-4; Jo 4.6-30). Os discípulos insistiram que Ele se alimentasse, mas Ele indicou que não era o alimento físico que determinava seu uso do tempo, mas a vontade do Pai (Jo 4.34).

Mesmo que alguém, com fortíssima determinação, consiga controlar os fatores mencionados nos dois parágrafos acima, a morte ainda tem o poder de impedir a realização de seus sonhos. Mas com Jesus não foi assim. Ninguém apressou Sua morte, mesmo tentando (Lc 4.28-30). Ela ocorreu no momento que Ele havia marcado. Apesar da astúcia dos homens e da traição de um dos seus, Ele sabia o Seu momento e o havia predito (Mc 8.31; 9.31; 10.32ss; 14.1,41,42). Conhecia quem o entregaria, quem o negaria e que os discípulos o abandonariam (Mc 14.21,27,30). Estava certo de Seu destino depois da morte (Mc 14.28). Voluntariamente se encaminhou para o lugar onde seria preso, pois era desta forma que as Escrituras se cumpririam (Mc 10.32,49).

No seu julgamento não conseguiram incriminá-lo com falsas acusações, mas voluntariamente e sinceramente confessou quem Ele era, fornecendo o motivo que seus adversários queriam para acusá-lo e mandar matá-lo (Mc 14.53,55-65). Contrapondo-se à negação medrosa de Pedro, Ele manifesta confiança (Mc 14.66-72). Quando interrogado por Pilatos, governador e representante do Império Romano, a força dominante na época, Ele é que se mostra o Soberano e Senhor da situação (Mc 15.1-15).

Ele permaneceu calado e deixou-se castigar (Mc 15.15-20). Rejeitou a bebida anestesiante que poderia aliviar Sua dor (Mc 15.23). Foi Ele quem entregou Seu espírito, demonstrando completo senhorio sobre a morte (Mc 15.37). A sua morte foi uma autodoação em prol de seus amigos (Jo 15.13). Deixou claro que Sua vida lhe pertencia e que poderia espontaneamente doá-la, pois tinha autoridade para entregá-la e reavê-la (Jo 10.18).

Ninguém tem este poder e autoridade sobre sua própria vida, apenas Jesus. Portanto, Ele é o Único Invictus, o único Invencível.


Fonte: Marconi Duarte