No misturador de Deus

Publicado em 09/03/2016 às 14:46 Por Pr. Almir Marcolino Visto por 644

Muitas das pedras e seixos que se encontram à beira-mar ou no leito dos rios têm um interior de lindas cores por baixo da camada exterior, escura e baça. Mas, para que revelem sua beleza, essas pedras precisam ser polidas. Depois desse processo, elas, além de  se tornarem mais belas, passam embelezar a vida de muitas pessoas na forma de pingentes e adereços diversos.

Há pessoas que tem como hobby polir pedras. Eles as recolhem e as submetem a um processo de refinamento até que as pedras percam as manchas que as enfeiam, as saliências que as tornam ásperas e as irregularidades que as deixam disformes. Trabalham com elas até que se tornem lindas, lisas, lustrosas e harmônicas. É uma atividade que exige muita paciência.

Isso pode ser feito manualmente, lixando as pedras com força e jeito e depois submetendo-as a poções abrasivas que corroem as manchas e rugas. Outros usam uma máquina chamada de misturador de pedras ou polidor elétrico. As pedras são colocadas numa vasilha com substâncias abrasivas e cascalho, e por vários dias são deixadas girando dentro do polidor. A fricção de umas contra as outras e com o cascalho esmerilha as pedras, causa o desgaste mútuo, eliminado tudo que não coopera para a beleza e a simetria.

Creio que nós também somos assim. Podemos ser polidos, refinados, aperfeiçoados e transformados em pessoas melhores, melhorando também a vida de outros. Mas, qual é o processo para nosso aperfeiçoamento?

O escritor Kelvin Alan Milne menciona algo muito comum \"Pelas provações, principalmente. Vivenciando coisas que parecem difíceis de suportar. Doenças, fome. Ou a perda de alguém amado... Essas são as “lixas” e “poções abrasivas” pesadas, o tratamento de choque.

Mas há um tratamento diário e aparentemente não tão duro Também existe uma grande quantidade de desafios menores que encaramos todos os dias. À medida que os superamos, nós somos mais refinados, aos poucos, esculpidos em algo melhor”.         Algumas pessoas fogem desse processo. “Podemos nos esquivar de tudo que é difícil. Mas não poderemos deter o processo de refinamento da vida, estaremos apenas atrasando o nosso aperfeiçoamento. Quando encaramos desafios e nos esforçamos ao máximo, notamos uma diferença em nós mesmos. Fugir do que é difícil e não enfrentar os desafios irá produzir desgaste, sem dar o devido polimento\".(Kelvin Alan Milne, em Uma boa ação, pg. 306)

O que o autor chama de processo de refinamento da vida é a ação de Deus em nos tornar semelhantes a Cristo. Isso nos faz lembrar de Romanos 8.28,29: Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos”.

As circunstâncias difíceis da vida são o misturador de pedras que Deus usa para nos polir e revelar a beleza de Seu Filho em nós. É na fricção com outros que somos afiados e afinados (Provérbios 27.17). É no enfrentamento dos desafios grandes e pequenos que somos esmerilhados. Nossas asperezas são aparadas, nossas deformidades alisadas, e nossas manchas removidas.

Estamos contaminados com muita sujeira que se apega a nós. Ela se torna parte de nosso estilo de vida e com o tempo se incorpora a nós. Ficamos acostumados com ela e nem percebemos sua feiúra e deformidade. Achamos até que seja normal. Na verdade, até nossa fé contém muitos desses elementos pecaminosos. Ela precisa ser purificada.

1 Pedro 1.6,7 diz que as provações que nos entristecem são as lixas e abrasivos usados por Deus para refinar nossa fé e revelar seu valor:embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo”.

Quando as lutas, provações e desafios se apresentarem diante de nós, lembremos que são os instrumentos usados por Deus para nos transformar de pedras toscas que ferem em pedras belas que brilham. Nosso desejo deve ser o mesmo expresso por Albert Orsborn nesse hino:

Que a beleza de Cristo se veja em mim.
Toda Sua admirável pureza e amor.

Oh, Tu, chama divina, todo meu ser refina.

Até que a beleza de Cristo se veja em mim.       


Fonte: Marconi Duarte