Em certa escola, um casal de namorados conversava debaixo de uma árvore, no intervalo das aulas. A moça pega uma folha no chão e nela escreve: Eu te amo, depois a entrega ao rapaz. Aquela folha foi guardada com todo o carinho no caderno daquele rapaz.
Num sentido, aquela era uma folha como qualquer outra. Não possuía nenhum valor intrínseco, pois havia milhares de folhas iguais a ela no pátio daquela escola. Mas, aquela folha era especial, pois tinha um valor extrínseco. Um valor atribuído. O rapaz atribuía àquela folha um grande valor. Era um símbolo do amor de sua namorada. Se ele tratasse aquela folha com negligência, indicaria que não valorizava o amor manifesto nela. O valor da folha não estava nela mesma, mas no amor expresso através dela.
O evento narrado acima pode ilustrar o amor de Deus pelo seu povo, conforme lemos no livro do profeta Isaías 43.1-5.
Mas agora, assim diz o SENHOR, que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel:
Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu.
Quando passares pelas águas, eu serei contigo;
quando, pelos rios, eles não te submergirão;
quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.
Porque eu sou o SENHOR, teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador;
dei o Egito por teu resgate e a Etiópia e Sebá, por ti.
Visto que foste precioso aos meus olhos, digno de honra,
e eu te amei,
darei homens por ti e os povos, pela tua vida.
Não temas, pois, porque sou contigo;
trarei a tua descendência desde o Oriente
e a ajuntarei desde o Ocidente.
O ministério profético de Isaías foi exercido durante os anos 740-680 antes de Cristo. A primeira parte de seu livro narra as profecias feitas durante a ameaça do grande império Assírio, e exortam o povo a confiar em Deus e não buscar refúgio nas alianças idólatras. Esta parte é concluída com a narração do livramento operado por Deus. Mas também anuncia outra ameaça, a do Império Babilônico, e afirma que desta vez o povo de Deus sofreria o juízo, pois recusara arrepender-se e confiar em Deus, apesar de toda graça manifestada por Ele (Isaías 1-39).
Na segunda parte do livro (capítulos 40-66) lemos as profecias de conforto. Nesses capítulos, Isaías fala não apenas à sua geração, mas também à geração que estaria no cativeiro babilônico. Seu propósito é animar e confortar o povo, mostrando que, apesar da desobediência deles, Deus restauraria sua sorte e os traria de volta à terra. Ele quer deixar claro que o cativeiro não fora resultado do fracasso de Deus em defender o seu povo, nem desinteresse ou falta de amor da parte d’Ele, mas o cumprimento de seu juízo, há muito anunciado. Mas, após juízo, haveria salvação.
Israel sentia-se pequeno, esquecido e desvalorizado, pois estava longe de sua terra, o descendente davídico vencido e com o templo destruído. Talvez fossem considerados um vermezinho, um povinho sem valor nenhum (Isaías 41.14).
Mas agora chegara o momento de Deus resgatar o Seu povo. A razão para Ele agir assim era que este povo tinha valor. E esse valor era devido ao amor de Deus: Visto que foste precioso aos meus olhos, digno de honra, e eu te amei. (Isaias 43.4). O valor era causado pelo amor, e não por algum atributo que o povo tivesse. Na verdade, o contexto indica que este povo era cego e surdo, pois se negava a atentar e compreender a Palavra de Deus, recusava-se a obedecer e andar nos caminhos do senhor (Isaías 42.18-25). Mesmo no cativeiro, continuava sem compreender e obedecer os caminhos da Palavra de Deus. Mesmo assim, tinha valor porque Deus o amava (Isaias 43.8). O amor de Deus determinava o valor do povo de Israel.
Da mesma maneira nós, somos pessoas amadas por Deus, por isso temos valor. Nosso valor advém do amor de Deus. A motivação para Deus enviar Seu Filho e nos salvar, para Ele cuidar de nós a cada dia, para Ele nos fazer perseverar em Seus caminhos, não está em nós, mas no próprio Deus, no fato de Ele ter decidido nos amar (Romanos 8.28-38).
Somos como folhas, nas quais Deus escreveu com o sangue de Seu Filho: Eu te amo. Por isso Ele nos guarda perto de Si.
É o seu amor que nos dá valor.
Fonte: Marconi Duarte